
Grauben do Monte Lima
Iguatu, CE — 1889
Rio de Janeiro, RJ — 1972
sobre
Maria Grauben Bomilcar do Monte Lima foi uma artista plástica nascida no Ceará e radicada no Rio de Janeiro. Antes de tornar-se artista, Grauben teve uma vida sobre a qual pouco se conhece. Sabe-se que veio ao Rio de Janeiro ainda jovem, por volta de 1910, para trabalhar como servidora pública dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda, e que também foi a primeira mulher a trabalhar na redação da antiga revista Fon-fon, como jornalista e tradutora de contos. Tratava-se, portanto, de uma mulher corajosa e muito à frente do seu tempo, em uma época na qual as mulheres no Brasil eram consideradas legalmente incapazes, sem direito à voto, ao divórcio e a trabalhar sem autorização do marido. O início da sua prática nas artes viria tardiamente, aos 70 anos, quase que por acaso.
Moradora do bairro de Ipanema no Rio de Janeiro, a artista encantava-se pelo crepúsculo – se emocionava de tal forma com a visão do céu e do mar nesse horário que, um dia, uma sobrinha lhe disse que ela deveria tentar expressar esse sentimento, e a presenteou com tintas guache e cartolina. A partir desse momento, a artista engatou em um ritmo de produção artística ininterrupto ao longo dos 12 anos seguintes, até o final de sua vida. Teve uma breve passagem formativa pelo atelier de Ivan Serpa (1923 – 1973) no começo dos anos 1960, mas acabou desenvolvendo de forma autodidata as bases do seu estilo pictórico, pautado no que o crítico Walmir Ayala (1933 – 1991) chamou de neo-impressionismo, dada a semelhança de sua técnica com aquela utilizada por artistas pós-impressionistas como Georges-Pierre Seurat (1859 – 1891) e Paul Signac (1863 – 1935). “Não gosto do feio nem do triste”, dizia a artista, e povoava suas pinturas de pássaros, plantas, flores e borboletas, as marcas registradas da sua obra.
Estima-se que a artista tenha produzido cerca de 3.000 obras durantes os anos em que se dedicou à pintura. Alcançou rápido e amplo reconhecimento no Brasil e no exterior ainda em vida, tendo participado da VII e VIII edições da Bienal de São Paulo e de várias exposições individuais e coletivas, inclusive uma grande mostra no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM – Rio) em 1966. A redescoberta da obra de Grauben tem sido estimulada por importantes galerias como a Galatea, que apresentou uma retrospectiva da sua obra em setembro de 2023 durante a feira ArtRio, na exposição O Ponto do Crepúsculo.