bernardo cid



São Paulo, SP — 1925
São Paulo, SP — 1982

sobre

Bernardo Cid de Souza Pinto foi um artista plástico, escultor e gravador autodidata. Nascido em São Paulo, Bernardo se formou em engenharia elétrica antes de enveredar pela carreira artística. No documentário Portrait of an Artist, de Gordon Burwash, Julian Biggs e John Howe (1964), o artista declara: “sou um engenheiro elétrico, mas não consigo pensar em termos de eletricidade. Um dia, simplesmente tive que parar [a carreira] e pintar”. A meticulosidade do engenheiro é evidente em todas as suas obras: cada detalhe é executado com precisão em pacientes velaturas.

Assim como sua pintura, sua carreira aconteceu sem pressa. De 1945, o momento em que começa a praticar inicialmente a escultura, e posteriormente a pintura, até sua primeira exposição individual na antiga Galeria Ambiente em 1952, passam-se 7 anos. Outros 7 anos depois, em 1959, vem o que talvez seja seu maior projeto amplamente conhecido: após ganhar o concurso de escultura instituído pela Câmara Brasileira do Livro, Bernardo elabora a estatueta do Prêmio Jabuti, a mesma usada até os dias de hoje.

Durante a década seguinte, o artista integra o grupo Realismo Mágico, junto à Wesley Duke Lee (1931 – 2010), e posteriormente o grupo Austral do Movimento Phases, capitaneado por Walter Zanini (1925 – 2013), desdobramento do grupo francês Phases criado em 1952 por Édouard Jaguer (1924 - 2006). Apesar da sinergia da sua obra com o surrealismo e a pintura metafísica, é difícil dar um enquadramento historiográfico preciso à Bernardo. Os personagens de seus quadros transitam entre a nova figuração e a abstração informal, assumindo formas inumanas em cenários oníricos. Entre as décadas de 1970 e 1980, Cid vale-se de formas humanas mais realistas para ilustrar em suas litografias a violência da ditatura militar – sem, contudo, deixar de lado sua estrutura compositiva baseada em camadas semitransparentes. A influência do poeta Pedro Xisto é visível em diversas das suas obras, que incorporam fragmentos de poesia concreta.

Tanto em vida quanto após sua precoce morte em 1982, com apenas 57 anos, Bernardo teve uma projeção modesta, sem individuais realizadas em instituições culturais consagradas – sempre esteve, em suas palavras, “mais preocupado em escrever na História do que nos jornais”. Em 2011, a Caixa Cultural realiza a exposição A ordem oculta de Bernardo Cid, reunindo pela primeira vez um amplo conjunto de obras representativo de todas as fases do artista.

Obras disponíveis

Sem título

Óleo sobre tela
42 x 69 cm
1972

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