
sachiko koshikoku
fukui, hokuriku (japão) — 1937
são paulo, sp — 2019
sobre
Sachiko Koshikoku foi uma artista plástica japonesa
radicada no Brasil, pertencente à segunda geração
de artistas nipo-brasileiros – aqueles que emigraram
depois da II Guerra Mundial. A mudança da artista para o
Brasil em 1965, em uma viagem transoceânica de 40 dias,
é motivada sobretudo pelo desejo de solidificar sua
carreira artística em um ambiente menos patriarcal.
À época, permanecer no Japão significaria casar-se
cedo e abrir mão de suas ambições profissionais em
detrimento da vida no lar.
Sachiko, assim como outros artistas japoneses que emigraram
após a década de 1960, encontra no Brasil um terreno fértil,
arado pelos nikkeis da geração anterior. Organizados em
torno de grupos como o Seibi (1935) e o Guanabara (1940),
os artistas nipo-brasileiros fortaleciam-se individual e
coletivamente, tanto em relação à visibilidade no mercado
de arte quanto ao desenvolvimento de seus próprios estilos
artísticos. O abstracionismo informal, escolha estética que
deu à artistas como Tikashi Fukushima (1920 – 2001), Tomie Ohtake (1913 – 2015) e Manabu
Mabe (1924 – 1997) enorme projeção ao longo das primeiras Bienais de São
Paulo, influenciaria profundamente Sachiko. A artista
rapidamente se destaca no cenário nacional; já em 1967,
dois anos após sua chegada, a artista participa da IX Bienal
de São Paulo, e em 1969 do 1º Panorama da Arte Atual do Museu
de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP).
Em 1971, a artista parte em viagem pela América Central e do Sul,
e entra em contato com as civilizações pré-colombianas dos Maias,
Astecas e Incas. O repertório imagético que Sachiko adquire nessas
viagens viria a se manifestar fortemente em sua obra nas duas décadas
seguintes. “Eu fui ao Peru e vi as esculturas, pinturas, tingimentos e
padronagens têxteis dos Incas. Ao vê-las, assim como vi as dos Astecas
e Maias, senti que esses trabalhos se identificaram fortemente com algo
que havia dentro de mim”, relembra a artista em uma entrevista de 2018.
Junto à forte presença das inspirações pré-colombianas, é também
visível na obra de Sachiko referências da cultura
japonesa, sobretudo no ritmo, nas formas e nas simbologias retratadas.
Os anos finais de Sachiko são marcados pela desaceleração do seu ritmo
de produção, em grande parte motivada pelos tratamentos a que se submete
na tentativa de engravidar e pela dedicação à saúde debilitada de seu
marido, o fotógrafo Michio Ozawa. 4 anos antes de sua morte, que ocorre
em 2019, a Galeria Deco organiza em São Paulo uma retrospectiva da sua
carreira, em comemoração aos 50 anos da artista no Brasil.