agi straus
viena (áustria) — 1926
são paulo, sp — 2022
sobre
Nascida Agathe Deutsch, Agi iniciou seus estudos artísticos ainda em Viena, cidade onde nasceu. Em 1938, aos 12 anos, junto com seus pais e sua irmã, inicia sua travessia em direção ao Brasil a bordo do transatlântico Asturias, fugindo da opressão nazista contra os judeus. Para poder sair da Europa despercebida, chegou a se batizar com sua família na igreja católica e a decorar canções e orações em alemão. Posteriormente, já no Brasil, se converte novamente ao judaísmo, incentivada pelo seu primeiro marido, Walter Straus, de quem carregou o sobrenome (que virou seu nome artístico) até o fim da vida.
No Brasil, retoma sua trajetória formal na arte a partir de 1952, aperfeiçoando-se na pintura com Darel Valença Lins, Poty Lazzarotto e Aldemir Martins, e na escultura com o polonês August Zamoyski. Na mesma época, dedicou-se à literatura infantil, tendo escrito e ilustrado diversos livros para a Editora Melhoramentos. Entre 1964 e 1970, atuou também como ilustradora dos suplementos “Literário” e “Feminino” do jornal O Estado de S. Paulo. Posteriormente, fixou residência em Nova Iorque, continuando a produzir e a expor dentro e fora do Brasil. Entre 1971 e 1980, participou da 3ª, 6ª, 8ª e 12ª edição do Panorama Atual da Arte Brasileira no MAM/SP e de inúmeras edições do Salão Paulista de Arte Moderna.
O elemento que talvez permeia com maior evidência sua produção artística ao longo de toda a sua vida é o fato de ter habitado ou passado curtos períodos de tempo em algumas cidades nas regiões Norte e Nordeste, como Recife, Belém, São Luis e Salvador. O contato com a natureza exuberante, sobretudo no Pará, onde morou por um ano e meio com seu terceiro esposo, Luiz Carlos Sampaio, amalgamou em Agi seu repertório imagético de botânica - repertório este que a artista viria a explorar ao longo de toda a sua vida. Curiosamente, a flora de Agi abre mão do rico espectro de cores para se tornar quase monocromática - suas flores, fungos e árvores aparecem em tons terrosos, beges e brancos. A textura possui um papel fundamental na obra da artista, que faz uso de técnicas mistas em suas pinturas, incorporando areia, folhas mortas, miçangas, madeira, conchas e outros elementos que adicionam profundidade e um senso quase escultórico a várias de suas obras.
Além da botânica, a artista explorou em suas obras temáticas religiosas (sobretudo pela influência do judaísmo), femininas (com algumas séries retratando corpos femininos, cujas obras tinham como modelos as próprias filhas de Agi) e flertou com a estética do abstracionismo informal ao retratar as construções de Jerusalém. Agi seguiu produzindo incansavelmente até o final de sua vida, em 2022, tendo explorado além da pintura também as técnicas de gravura (sobretudo xilogravura), escultura e cerâmica fria.